quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A casa da música.


Hoje pensei muito nas crianças. Aquelas que eu abraço, as que estão distantes, meus pequenos, meus afilhados, meus filhos do coração. Pensei na criança que fui e sou, desde de pequeno , um cantor. Minha brincadeira favorita; fazer roteiro de show e depois realiza-los no palco dentro do banheiro. Uma vez, quebrei um teto de gesso do banheiro da minha casa, pois o pulo do final da música foi tão maravilhoso que a "equipe técnica" não previu, e acabamos no "prejuizo".
O pior é a explicação. Tive que inventar uma mentita maior que o pulo.

Adoro meus pequenos cantores.... e são muitos. Meus sobrinhos todos cantavam, meus sobrinhos netos também cantam lindo... a música nos enche de felicidade e saudade.

Tenho saudade de quando não ganhava dinheiro pra cantar, mas não gostaria de hoje , cantar e não ganhar.
Tenho saudade da casa que nasci (foto), Rua dos artistas 18. O nome já predestinava algo, não?!

Tenho saudade das radiolas,dos discos de Waldir Calmon feitos pra dançar, 1 2 3 4 e lá vai mundo dançando, da voz grave de minha mãe, canto lindo, profundo. Do piano de Graça e seus dedos magrinhos armando acordes imensos, e das canções que até hoje me fazem chorar. Da dedicação de Luis, que me colocou na música, que me ensinou os primeiros acordes e dos seus olhos brilhando. Saudades dos outros irmãos que muitas vezes me aturavam á tocar o dia inteiro, até no banheiro; o banquinho já era o "trono". Saudade de meu pai que já se foi, e era um exemplo perfeito de desafinação, assim como Zeca, meu padrinho e irmão. mas que se mostrou um bonissímo cantor e comediante quando se tornou meu aluno (não porisso), mil anos depois disso tudo, na terra do hoje. Lembro de Cesar dedilhando música dos Beatles no violão, Ricardo á compor... enfim, familia onde a música, além de outras coisas, nos unia. Afinados, desafinados, descompassados, amorosos, irritados, tristes, alegres, satisfeitos ou nem tanto, a música dava esse tom de harmonia e ligação entre nós.

Saudade? Pode até ser a palavra e sentimento corretos.
Mas agora notei, que isso tudo está em mim. Na criança que fui, que sou e serei. Pequeno cantor, adulto, homem, novo , velho. É só ir buscar na memória, que vem tudo como se fosse hoje, e é. A terra do nunca, onde nunca se cresce pra mim é a terra das lembranças. as mais lindas lembranças da minha familia musical!

3 comentários:

Unknown disse...

Êta Nanzes, emoção demais ler este texto. Não vivi toda a história e me vejo em boa parte dela. Passou como um filme momentos tão felizes onde com certeza era a música que nos fez sorrir, brincar, curtir dias muito especiais que guardo com muito carinho. E nos dias de agora, pensa especialmente na minha cantorinha que me mas ouvir muito feliz suas músicas em especial e tantas outras que quando ela crescer e lembrar certamente vai sentir tanta emoção como sinto agora. Seu dindo pelo visto não vai ficar pra trás.
Só tenho a agradecer o que você e os cantores da nossa família iluminam os meus dias com a música,

Anônimo disse...

Ufa me fez chorar em plena manhã de quarta feira e no trabalho no consultorio,entre um paciente e outro.Estas lembranças são divinas para nós e por elas é que em meus sonhos só me vejo nesta casa é uma saudade boa,qtas lembranças....hoje até o que nos fazia chorar eu tenho saudades.Nan vc é mais do que irmão vc é meu cantor compositor poeta predileto bjs te amo graça

Unknown disse...

Este texto me remeteu às minhas lembranças,de como a música também fez e faz parte da minha vida. O piano de minha mãe, o violão das minhas irmãs, as serenatas, cantorias, apresentações no TCA, momentos de artistas de pessoas comuns. Dos oito filhos, o único desafinado (Pedrinho)poderia ser o empresário do conjunto de que meu pai tanto se orgulhava. Quando elea se foram, deixamos que a nossa música fosse com eles, mas aos poucos ela foi voltando, e principalmente da minha vida, sei que não sai mais. Você faz parte disso.
Uda